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Imagem Uso de telas para crianças autistas: pontos positivos e negativos

Uso de telas para crianças autistas: pontos positivos e negativos

Nos últimos anos, o impacto das telas em autistas tem sido amplamente debatido. Este artigo analisa os prós e contras do uso de tecnologia, considerando aspectos educacionais, sociais e comportamentais.

 

Muitas escolas estão adotando o uso de telas como ferramenta de aprendizagem. Pais e cuidadores, de forma similar, utilizam dispositivos para entretenimento e interação por meio de vídeos e aplicativos. Esses recursos são eficazes para captar a atenção de crianças neurotípicas e neurodivergentes, oferecendo jogos educativos e vídeos envolventes. No entanto, a exposição a dispositivos sem supervisão pode ser prejudicial ao desenvolvimento infantil.

 

Pesquisas indicam que uma porcentagem maior de indivíduos com TEA interage com dispositivos durante seu tempo livre em comparação com seus pares neurotípicos (Mazurek et al., 2012). Além disso, crianças com TEA tendem a usar esses dispositivos por períodos mais longos, resultando em uma alta dependência de telas (Dong et al., 2021).

 

Para avaliar essa dependência, é essencial observar se a criança está negligenciando ou interrompendo necessidades básicas diárias, se fica frustrada quando não consegue acessar a tela, e se isso prejudica seu desenvolvimento geral (motor, comunicação, social, emocional e cognitivo).

 

Para compreender melhor este tema, a seguir, vamos destacar as vantagens e desvantagens do uso de telas para autistas.

telas

 

Vantagens do uso de telas

Não existe só um ponto positivo do uso de dispositivos para crianças com TEA, mas sim vários. São eles:

 

1. Ferramentas educacionais

O uso de telas para autistas pode ser extremamente benéfico em um contexto educacional. Aplicativos e programas de software desenvolvidos especificamente para crianças autistas podem ajudar a melhorar habilidades como leitura, escrita e matemática. Por exemplo, aplicativos de aprendizado visual são particularmente eficazes para crianças no espectro, pois muitos delas são aprendizes visuais. Além disso, programas interativos podem manter a atenção da criança por períodos mais longos do que métodos tradicionais de ensino.

 

2. Desenvolvimento da comunicação

Crianças autistas muitas vezes enfrentam desafios na comunicação verbal. Aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) podem ajudar essas crianças a expressarem seus pensamentos e necessidades de maneira mais eficaz. Ferramentas como tablets com software de CAA permitem que as crianças usem imagens, textos e sons para comunicar suas ideias, o que pode reduzir a frustração e melhorar a interação social.

 

3. Estímulo ao aprendizado autodirigido

O uso de telas também pode promover o aprendizado autodirigido. Muitos recursos educacionais online permitem que as crianças aprendam em seu próprio ritmo e explorem temas de interesse específico, o que pode ser particularmente vantajoso para crianças com interesses restritos e intensos. Esse tipo de aprendizado personalizado pode aumentar a motivação e a satisfação pessoal.

 

4. Desenvolvimento de habilidades motoras

Jogos e aplicativos que exigem interação tátil podem ajudar no desenvolvimento de habilidades motoras finas. Autistas podem se beneficiar de atividades que envolvem o toque e a manipulação de objetos na tela, melhorando sua coordenação motora e habilidades de planejamento motor.

 

5. Redução do estresse

Para muitos autistas, o uso de telas pode servir como uma forma de reduzir o estresse e a ansiedade. Jogos calmantes e vídeos relaxantes podem proporcionar uma sensação de conforto e segurança. Além disso, momentos de uso de tela podem oferecer uma pausa de situações sociais que podem ser avassaladoras para algumas crianças no espectro do autismo.

 

Aplicativos que ajudam crianças com TEA

Existem aplicativos direcionados para autistas que podem trazer grandes benefícios ao desenvolvimento. Sem dúvida, eles funcionam como ferramentas que ajudam a complementar algumas habilidades trabalhadas em terapias.

 

1. Story Creator

É um aplicativo que permite que o autista se expresse por via de desenhos, fotos, vídeos, áudios e textos. A criança, através do app, consegue, também, compartilhar com outras pessoas aquilo com que ela mais se identificou, promovendo a interação e troca.

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2. Choiceworks

Este é um aplicativo para estruturar a organização das rotinas diárias. É um sistema que oferece apoio visual para ajudar as crianças a entenderem o que deve ser feito.

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3. Matraquinha

Um aplicativo brasileiro criado no ano de 2018 por familiares de uma criança autista, que é muito utilizado para auxiliar crianças na questão da comunicação. Nele, a criança consegue achar formas alternativas de expressar alguma necessidade ou emoção. Ajuda a criar mais independência e também promove mais educação emocional.

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4. Jade Autism

Neste aplicativo, você consegue auxiliar a criança com questões cognitivas. O app funciona com a lógica de aumentar a percepção visual, já que ela estimula a capacidade de memória e associação de imagens.

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5. ABA Flashcards

O ABA Flashcards, como o próprio nome diz, se conecta com o sistema ABA e contém uma variedade de cartões com imagens e áudio que ajudam na compreensão de conceitos básicos, como cores, formas, letras, números e muito mais.

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Desvantagens do uso de telas

Como diz o ditado: a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade, também podemos apontar as contraindicações. O tempo excessivo de exposição às telas ou quando os dispositivos são usados ​​de forma inadequada podem causar efeitos negativos para crianças com TEA. 

 

Confira:

 

1. Dependência e isolamento social

Um dos principais pontos negativos do uso de telas para autistas é a possibilidade de dependência excessiva e isolamento social. Indivíduos que passam muito tempo em frente a telas podem se tornar menos propensos a participar de interações sociais na vida real. Isso pode dificultar o desenvolvimento de habilidades sociais e a formação de relacionamentos significativos.

 

2. Comportamentos repetitivos e rigidez

O uso excessivo de telas pode exacerbar comportamentos repetitivos e a rigidez, características comuns em autistas. Jogar o mesmo jogo ou assistir ao mesmo vídeo repetidamente pode reforçar padrões de comportamento rígidos, dificultando a flexibilidade cognitiva e a adaptação a novas situações.

 

3. Impacto na saúde física

Passar longos períodos em frente a uma tela pode ter um impacto negativo na saúde física. Isso inclui problemas como obesidade, devido à inatividade, e problemas de visão, como fadiga ocular. É essencial que os pais e cuidadores estabeleçam limites claros sobre o tempo de tela para garantir que os indivíduos tenham uma atividade física adequada e tempo de descanso para os olhos.

 

4. Problemas de sono

O uso de telas, especialmente antes de dormir, pode interferir nos padrões de sono. A luz azul emitida por dispositivos eletrônicos pode suprimir a produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. Autistas que já têm problemas com o sono podem encontrar dificuldades adicionais se expostas à luz das telas à noite.

 

5. Desafios na regulação emocional

Embora alguns autistas possam achar o uso de telas calmante, outros podem experimentar dificuldades na regulação emocional devido ao conteúdo acessado ou à sobrecarga sensorial. Jogos intensos ou vídeos com luzes e sons altos podem causar sobrecarga sensorial e aumentar a ansiedade ou comportamento agressivo.

 

Estratégias para um uso saudável de telas

Sabemos que desacostumar uma criança de telas pode ser difícil, até mesmo quando um adulto também passa a achar cômodo uma criança com atração retida. No entanto, sempre há um jeito de mudar as coisas. A seguir, uma lista de estratégias para fazer das telas ótimas experiências para os autistas.

 

1. Estabelecer limites de tempo

Definir limites claros de tempo de tela é crucial. A American Academy of Pediatrics recomenda que o tempo de tela para crianças em idade escolar seja limitado a uma ou duas horas por dia. Para crianças autistas, esse tempo pode ser ajustado conforme necessário, mas os limites devem ser claramente estabelecidos e mantidos.

 

2. Escolher conteúdos apropriados

Selecionar cuidadosamente os conteúdos acessados é fundamental. Priorize aplicativos educativos, jogos que incentivem habilidades motoras e programas que promovam o desenvolvimento social e emocional. Evite conteúdos que possam causar sobrecarga sensorial ou estresse.

 

3. Envolver-se no uso de telas

Os pais e cuidadores devem se envolver ativamente no uso da tela. Isso pode incluir jogar jogos juntos, assistir a vídeos educativos e discutir o que foi aprendido. O envolvimento ativo pode transformar o tempo de tela em uma experiência de aprendizado compartilhado e fortalecer os vínculos familiares.

 

4. Combinar com atividades offline

Equilibrar o tempo de tela com atividades offline é essencial. Incentive a participar de brincadeiras ao ar livre, exercícios físicos e atividades sociais. Isso ajuda a garantir que o desenvolvimento físico e social não seja negligenciado.

 

5. Monitorar e avaliar

Monitorar regularmente o uso de telas e avaliar seu impacto no comportamento e desenvolvimento do indivíduo é importante. Se surgirem problemas, como aumento da ansiedade ou isolamento social, ajuste o tempo de tela e busque orientação de profissionais de saúde ou educadores.

 

 

Seja através do uso de telas para assistirem vídeos ou para uso de aplicativos, é importante saber que as respostas de uso adequado e uso excessivo podem ser diferentes para cada criança. No entanto, basta conhecer o indivíduo e suas habilidades para fazer as escolhas mais estratégicas e conscientes de inserção de telas na rotina.

 

Além disso, também é importante saber quando utilizar sua autoridade para diminuir ou até mesmo suspender o uso. Por exemplo, em casos de sobrecarga sensorial. Fique atento a qualquer anormalidade provocada pelo acesso às telas.

 

E, ainda, pais e cuidadores devem garantir a aplicação correta das faixas-etárias de cada aplicativo ou tipo de vídeo. Lembre-se que você, o adulto, é quem está no controle dos bons e dos maus resultados.

 

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